quinta-feira, 19 de junho de 2008

Vivendo em Santo André

Olá, pessoas!

Finalmente tenho computador no trabalho, vou tentar dar notícias mais freqüentemente. Já aviso que se eu não tiver comentários, vou parar de escrever, então façam o favor de dar um oi aqui. Eu sei que estão a ler!

Bom, cheguei a Lisboa no sábado. Fui direto pra casa da Larissa e por lá fiquei. Dei uma rodada pela região e comprei um telemóvel(1). A noite fui sozinha de metro(2) até o café que a Larissa trabalha e de lá à porta de uma festa do Erasmus com um brasileiro que conheci. Como não rolou o esquema de entrar de graça e eu já estava mal humorada, desisti de pagar para entrar. Tava mal humorada porque ninguém me avisou que é IMPOSSÍVEL andar de salto alto em Lisboa. As ruas e calçadas são todas
com pedrinhas antigas que de 5 em 5 segundos prendiam meu sapato, que ficou detonado. Na volta da festa do Erasmus eu estava sozinha, perdida nas ruas vazias, sem mapa e de saltos altos às 2h da manhã no meu primeiro dia de Europa. Com sotaque brasileiro, ainda: praticamente pedindo para ser abordada como puta. Great. Depois de muuuito andar (de salto!), consegui voltar para o café da Larissa e ainda fomos ao Bairro Alto. Bairro Alto é a noite barata de Lisboa. Há lá vários pubs e as
pessoas entram e saem deles bebendo shots de tudo quanto há (vodca, tequila, imperial(3), rum...). Cada shot custa €1 ou €1.50.

No domingo apanhei o autocarro(4) para Vila Nova de Santo André, que é o cu do mundo onde vivo, nem o Google Maps sabe onde é. A cidade é super pequena, fica a uns 20 km de Sines, onde trabalho. Sines também é pequena, mas é uma cidade linda. Ainda não pude passear direito pela zona(5) porque me falta tempo e dinheiro. Estar sem dinheiro é uma merda, tô presa aqui até o final do mês por causa disso.

Pra quem não sabe, trabalho na EDP (Energias de Portugal), que é a empresa de geração e distribuição de energia elétrica aqui de Portugal. A transmissão é de uma outra empresa, do governo. Trabalho na central termeléctrica de Sines (google it), e aqui é bem legal. A usina é grande (uns 1200 MW de capacidade instalada) e as pessoas são muito, muito simpáticas comigo. Arranjam-me tudo, são fixes(6) e sempre dispostas a ajudar. Meu supervisor é divertidíssimo, mas eu só entendo 70% do que ele fala. Ele tem um sotaque bem marcado e fala rapidíssimo, pra piorar minha situação. Mas pronto, bom que aprendo.

Estou cada dia mais cara de pau e levando até as últimas a máxima do "perguntar não ofende e não custa tentar". Mas, porra, eu tô sozinha num sítio(7) desconhecido, não tenho cá parentes nem amigos, e não tenho nada a perder porque pior não fica. Que se foda, peço ajuda pra tudo que posso pedir e quem quiser que diga não. Não ficarei ofendida.

Desde que cheguei não vi nada da Europa limpa, bela e segura que eu queria/esperava. Portugal é tipo uma filial do Brasil, há brasileiros e bandeiras do Brasil por todo canto, e o "jeitinho" pras coisas é o mesmo. Há assaltos e violência (pelo menos todos me advertem contra isso) e tudo mais. Conheci amigos da Larissa que nunca foram assaltados no Brasil e já perderam telemóveis para ladrões em Lisboa. Então não é tão seguro assim. A coisa mais certa que ouvi foi o que um engenheiro aqui da EDP me disse: "Depois de um tempo em Portugal, vais perceber porque o Brasil é o que é." É tipo isso, as coisas ruins no Brasil são como são em Portugal, só que um pouco piores/aperfeiçoadas.

A comida é muito boa. Almoço aqui na empresa e pago caro por isso (cerca de €5), mas o bom é que posso ser pão-dura coletivamente porque NINGUÉM compra bebida para acompanhar a comida. Toda a gente(8) bebe água, dizem que é para limpar o paladar, o que faz bastante sentido. O tempero aqui é bem light, o salgado não é muito salgado e o doce também não é muito doce, infelizmente. E os pães... Ah, os pães... Indescritivelmente bons!

A velha com quem moro é uma chata, e nem quero falar disso pra não ficar mal humorada. Oi? Sou jovem, estou fora do meu país e quero aproveitar, se achas ruim que saio sozinha, sinto muito. E se não gostas do jeito brasileiro, sinto ainda mais. Tchau.

(1) telemóvel = telefone celular
(2) metro = abreviatura de metropolitano = metrô
(3) imperial = chopp
(4) autocarro = ônibus
(5) zona = região
(6) fixes = legais
(7) sítio = lugar
(8) toda a gente = todo mundo

3 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, que bacana Mari! Mas aproveita que depois até os momentos ruins vão ser bem lembrados!
E já tyinha ouvido falar coisas ruins de Portugal mesmo... tem razão do Braasil ser assim...

Tsc, tsc, tsc

dazzler disse...

Mari!!! que giro esse post, pá!
Tu ja estás a falar com o sotaque prutugueis?! mas pronto, se calhar voltas falando asneiras prutuguesas :)

Eu tive uma impressão muito ruim de Lisboa em relação a Porto... Espero que voce tenha tempo pra conhecer lá melhor, e ver que essa sua impressão de portugal eh na verdade uma imagem de Lisboa.. Tudo bem que as pessoas do seu trabalho e bla-bla-bla te falaram essas coisas, mas eles nao sabem o que é violencia, entende... Voce pode ate conhecer pessoas que tiveram seus tlm (1) roubados, mas o assalto nao usa violencia como no Brasil.. pelo menos em geral.

Cuidado com a veia da sua casa, ela (mttto provavelmente!) deve achar que voce eh puta! :P da uns esporros nela.. Odeio esses velhos ultra-tradicionalistas-rabugentos...

No mais, muito engraçado seu post... Aneim, dá tantas saudades daí... Eu arrependi de nao ter conversado mais com voce das coisas daí, sei la, foi chegando a epoca de voce viajar e eu queria ter te falado um milhao de coisas daí, as girias e tal... Mas pronto, agora tás a ver com'os proprios olhos!

Bjos e boa sorte!

Leandro disse...

Acho excelente vc pedir ajuda pro pessoal. Sinceramente não acho que vc é cara de pau não!!! Vc apenas está usando uma das facilidades de ser mulher! Peça tudo o que precisar...para os homens! As purtuquesash vão morrer de inveja!!!

Vc quer ver a Europa dos cinemas???? Vai em Estocolmo ou Genebra.... Ah claro, não deixe de visitar Paris tb

Bisous ma chérie!