O fio verde do meu banheiro

Sabe aquele negócio de "a ignorância é uma bênção"? Pois é.

Nas primeiras semanas que mudei pr'este apartamento, tomei um choquezinho no chuveiro. Há muito um banho de água quente deixou de ser momento de relaxamento pra mim. Mais precisamente, isso deixou de acontecer desde que eu comecei a pagar minhas contas de energia. Mas de vez em quando eu me dou o direito de espreguiçar por uns 6 ou 7 segundos, com os braços pra cima. Num destes momentos felizes de braço pra cima, sem encostar no chuveiro, senti o conhecido e incômodo formigamento de choque elétrico. Não sei o que rolou, só sei que tomei um choque fraco. Fraco, porém incômodo. Odeio choque elétrico. Bom, o negócio foi que neste dia eu olhei pra cima e descobri o fio verde. Desde então, minha vida nunca mais foi a mesma.

Tomar banho pra mim não só não é relaxante, como é momento de terror. Toda vez que eu entro no box aqui em casa, torço pra que não seja a última. Embaixo d'água, não consigo parar de pensar naquele fio terra em cima de mim "flutuando no barramento". Flutuando mesmo, a merda do eletricista não teve coragem nem de ligar no cano metálico.

Agora que começou a fazer frio, vou começar a tomar banho não de 24 em 24h, mas de 36 em 36h ou de 48 em 48h. Vou reduzir pela metade minha chance quebrar uma perna ou de morrer batendo a cabeça na parede. Enquanto isso, Renata, minha bathroommate, toma seu banho diário feliz e contente. Mundo injusto.