Deixa eu te contar uma coisa...
Quando você estiver na sua casa em plena noite de quinta-feira útil, véspera de uma sexta-feira útil (quando você tem que acordar às 6h30 pra estar às 8h no "trabalho"), com um vinho seco português na geladeira - presente de uma amiga querida -, e quiser muito beber este vinho pra comemorar a sua patética noite de quinta-feira e perceber, muito frustrado, que não existe na sua cozinha algo chamado saca-rolhas, não desista. Você pode, sim, abrir a garrafa de vinho.
Pegue um parafuso. Não precisa ser muito grosso, mas precisa ser razoavelmente comprido. Se você, como eu, também não tem um parafuso, look around. Você deve ter uma daquelas cômodas ou criados-mudos de madeira, meio antigos, com puxadores que são... parafusos! Aí você enrosca na rolha do seu vinho português como se fosse o saca-rolhas. Quando você sentir que está firme, comece a puxar, com o próprio puxador de cômoda ou com um alicate grande. Se não conseguir, chame o porteiro ou o vizinho bombado, mas garanto que com alguma paciência você chega lá sozinho, sem ajuda. Afinal, ninguém precisa saber que o som alto que vem da sua casa não é de uma festa, é mesmo você sozinho comemorando sua noite de quinta-feira.
"Ai amor, amorzinho, amoreco, moreco. Eu odeio esses carinhos, odeio. Mas falo todos eles baixinho antes de dormir, para o espaço ao lado da cama que ninguém ocupa. E eu sou um pouco mais estranha do que ser estranha permite. Sou estranha além do charme de ser estranha. Eu sou daquele tipo bizarro, que eu nem sei direito se existe, que vai te acordar, daqui a algumas semanas, chorando como se tivesse te perdido para sempre, ainda que você nem saiba direito se fez bem ou não em dormir, logo assim de cara, na minha casa."
By the way, o vinho é bem seco, mas é bom.
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007
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